Reencontros emocionantes
A História da CLOTILDE a Calopsita perdida em SP
Por Fátima ChuEcco
Se durante sua fuga de dois dias e meio em que a Clotilde calopsita perdida na capital de São Paulo, estivesse numa maratona de saltos, voos rasantes e escaladas, certamente teria subido ao pódio para receber medalha de ouro. Clotilde deu um baile, ou melhor dizendo, uma festa de arromba em seus tutores Flávia e Guilherme Arturo.
A ave originária da Austrália, que se encontra entre as mais inteligentes do mundo ao lado de papagaios, canários, corvos e cacatuas (essas pertencentes à mesma família das calopsitas), escapou pela janela, visitou casas, passou uma noite toda num parque e depois foi explorando as janelas de vários edifícios.
O coração do casal Arturo ficou em polvorosa, mas se levarmos em consideração a energia e bom humor natural das calopsitas, é bem possível que Clotilde, ao contrário de seus tutores, tenha se divertido bastante vendo tanta gente tentando apanhá-la em vão.
Flávia conta que Clotilde e outras calopsitas, como o Ozzy e a Popo, ficam soltas, durante um período, no seu apartamento com as janelas fechadas. Mas bastou esquecer uma delas aberta para Clotilde se aventurar pelo bairro.
Clotilde: Multiatleta
Jamais duvidem por um segundo sequer da inteligência das calopsitas. E Clotilde está aqui para provar que é ágil de corpo e mente. Primeiro voou para a casa de um vizinho do prédio que tem gato. O rapaz então pegou a ave e soltou-a numa outra casa com medo de uma tragédia. Acontece que nessa outra casa viviam cinco gatos. Cinco! Esperta, Clotilde voou para o alto de uma árvore com todos os bichanos a encarando.
“Fomos avisados e eu subi na árvore, porém mais uma vez ela escapou e voou para uma escola ali perto. Corremos para lá e o vigia jogou um terno para tentar encobrí-la, mas também não deu certo”, conta Guilherme.
E dessa forma Clotilde foi para o Parque da Aclimação que é enorme e estava fechado por conta da pandemia. “Nós ficamos a tarde toda chamando-a pelas entradas do parque e ela respondendo, até que caiu a noite. Então fomos para casa e iniciamos uma divulgação pelas redes sociais”, relata Flávia.
“Cerca de 15 pessoas entraram em contato, mas nenhuma das aves era a nossa. Acabamos adotando um filhotinho de calopsita que, provavelmente, foi abandonado porque ninguém procurou por ele. Foi assim que vimos que tem muita calopsita perdida”, diz Guilherme.
Na manhã seguinte o casal voltou no parque, dessa vez com autorização para entrar e com uma isca especial: sons de pássaros gravados para atrair Clotilde. A calopsita respondeu, mas “não deu a asa a torcer” não. Ao invés disso, fez um voo rasante sobre os tutores e foi parar no quarto andar de um prédio.
“Não deixaram a gente entrar no edifício e os moradores do apartamento, ao mexerem na janela, assustaram a Clotilde que saiu voando de novo, só que dessa vez a perdemos de vista”, explica Flávia.
Importância do disparo de alerta na busca por uma calopsita perdida
A calopsita é uma ave muito comunicativa, que assobia, grita, canta, aprende algumas palavras e até “dança” dependendo da personalidade que pode ser bem festiva. Além da vocalização intensa, as calopsitas são mestres em expressão corporal utilizando desde as patinhas até a crista ou “topete” para demonstrarem o que querem e sentem.
E essas aves adquiridas de criadores certificados, por serem cuidadas desde filhotes por humanos, são muito sociáveis, mas preservam a natureza aventureira que as fazem explorar muitos pontos quando escapam de casa.
Por isso o disparo de alertas é importante: permite cercar os arredores, além do bairro todo e até longas distâncias já que calopsitas perdidas podem voar até muito longe. Se você achou a aventura de Clotilde intensa (isso porque só durou quase três dias), imagine por quantas centenas de lugares ela não poderia passar no decorrer de vários dias.
Aliás, é simplesmente imperdível o vídeo que Flávia gravou sobre a “saga” para encontrar Clotilde. Muito bem-humorado. Veja abaixo:
Localizada pelo post da AlertPet
Depois de várias tentativas frustradas, Flávia e Guilherme anunciaram na AlertPet. “Uma hora depois uma pessoa nos avisou que tinha uma calopsita na janela. Levamos o Ozzy, marido da Clotilde, numa gaiola até lá, mas quando chegamos ela já tinha ido embora”, relata o casal.
No mesmo dia, uma outra moradora local notou uma calopsita na janela de sua cozinha no 19º andar, mas não conseguiu atraí-la para dentro do apartamento. De noite, com tudo escuro, esperou a ave adentrar a cozinha e agarrou-a com uma peneira. Ufa! De lá foi direto para a casinha de transporte do cachorro.
Quando amanheceu, no então terceiro dia de fuga da Clotilde, a mulher já estava acionando os bombeiros e outros órgãos quando sua vizinha avisou que tinha visto o post da AlertPet. Bingo! Clotilde finalmente estava salva!